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É comum encontrarmos pessoas religiosas que muitas vezes vivem um voluntarismo. Mas o que isso significa? É aquele comportamento em que se faz algo porque tem que fazer, sem uma compreensão mais profunda ou uma conexão interior que dê verdadeiro sentido à ação. Esse “fazer pelo fazer” se resume à “faço por medo das consequências”,  sem que os motivos reais estejam claros. Mesmo quando há entendimento dos motivos, a ação pode ser movida pelo medo ou pela pura obrigação, sem que se alcance um significado espiritual mais elevado.

Na prática, isso é muito comum. Pense no exemplo da academia: você sabe que é importante para a saúde, entende racionalmente os benefícios, mas a convicção profunda de que isso é essencial para a sua vida ainda não está enraizada. 


O voluntarismo no casamento

Muitas mulheres me procuram com a intenção de resgatar o casamento, mas fazem isso por voluntarismo. Querem restaurar a relação para ficar bonito diante da família ou da sociedade, ou para mostrar-se lutadoras., ou ainda, por medo de não cumprir com o dever e irem para o inferno.  Mas será que elas realmente sabem o real propósito da restauração de um casamento?

Aqui é necessário um alerta: meu trabalho vai além da restauração de um casamento ou do reestabelecimento de uma família. Ele é, acima de tudo, sobre almas. Uma mulher que ainda não entendeu o real sentido do casamento — das almas envolvidas, como o marido e os filhos —, dificilmente conseguirá restaurar essa união enquanto não “matar” o voluntarismo. É preciso ir além do simples “fazer por fazer”; é necessário sacrificar-se e compreender o verdadeiro propósito da sua vocação como esposa, mãe e mulher.


A moralidade e a espiritualidade no casamento

Existem muitas pessoas que seguem princípios religiosos — não traem, não roubam, não matam — porque foram ensinadas que essas coisas são erradas. Mas será que elas realmente entendem a profundidade moral e espiritual dessas escolhas?

Pense no conceito de “medo do pecado”. Para muitos, isso é algo tão abstrato que perde o peso real no dia a dia. A pessoa age porque tem que agir. Embora esse seja um passo inicial no amadurecimento, ainda falta aquele senso mais profundo: “Essa é a minha missão no mundo. Se eu não fizer isso, a minha vida perde o sentido.”

Quantas vezes você age com essa convicção? A maioria de nós não. Deixamos de pecar porque sabemos que é errado, mas raramente porque sentimos, visceralmente, que aquilo é errado, que desagrada a Deus. Choramos, nos sentimos culpados, mas por nossos afetos e raramente por compreender a dimensão e consequencia do erro cometido. Quantas vezes, ao considerar uma escolha equivocada, nos colocamos diante de Deus e dizemos: “Eu não posso fazer isso, pois isso fere profundamente meu Senhor!”

Somos capazes de sentir esse peso, mas de forma esporádica. E é exatamente por isso que muitas pessoas, mesmo ativas em movimentos religiosos, acabam traindo, mentindo ou abandonando suas famílias. Por que isso acontece? Porque essas ações, antes evitadas por serem pessoas escrupulosas, não encontram sustentação diante de crises, já que não há uma verdadeira intimidade com Deus.


O dever da esposa e da mãe

Restaurar um casamento exige mais do que força de vontade ou desejo de agradar aos outros. Requer um profundo entendimento de que a união conjugal é um chamado a algo maior. A esposa, a mãe e a mulher são chamadas a sacrificar-se, a ir além do fazer pelo fazer.

Esse chamado é, antes de tudo, espiritual. Não é apenas sobre manter as aparências, mas sobre salvar almas — a sua, a do seu marido, a dos seus filhos. Quando você entende o verdadeiro propósito do casamento, sua missão ganha um significado muito mais elevado, e o peso da responsabilidade se transforma na força que sustenta o amor e a fidelidade.


Conclusão

A espiritualidade verdadeira é o caminho que transforma o voluntarismo em convicção e principalmente, em uma verdadeira intimidade com Deus. É o que sustenta relacionamentos, fortalece famílias e dá propósito à nossa vocação. Quando uma mulher abraça sua missão com o coração voltado para Deus, ela não apenas restaura seu casamento, mas também encontra o verdadeiro sentido da sua existência.

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