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Por trabalhar há tantos anos com pessoas, desenvolvi um olhar atento para comportamentos e dinâmicas familiares. Claro, não fico observando tudo o tempo todo, mas há situações que saltam aos olhos e merecem uma reflexão. E hoje, quero dividir com você uma delas.

Recentemente, estava em um encontro com amigos quando um deles dedicou alguns minutos para desabafar sobre uma discussão que havia tido com a mãe. Segundo ele, a mãe havia entendido errado um assunto — ou, quem sabe, “entendido errado” propositalmente para tirar algum benefício disso. O ponto é que ele passou o dia todo tentando esclarecer a confusão, enquanto a mãe persistia em convencê-lo de que estava certa. A situação foi se agravando e, como em muitas famílias, a esposa desse amigo acabou entrando de forma involuntária na briga. A sogra, acreditando que o filho estava agindo “a mando” da esposa, começou a jogar farpas e alimentar um conflito que não precisava existir.

Uma verdadeira tragicomédia, não é?

O ápice da situação aconteceu naquela mesma noite, quando essa mãe apareceu na reunião do grupo. O filho — um homem casado, pai de família —, com o olhar cabisbaixo e o comportamento de alguém que se sente culpado, pediu desculpas à mãe. Mas não foi apenas um pedido de desculpas: ele tentou agradá-la de todas as formas, parecendo mais um garotinho arrependido por ter feito algo errado do que um homem adulto. Ele lembrava aquelas crianças que, depois de desenhar algo completamente torto, correm para mostrar à mãe em busca de elogios.

Enquanto observava tudo aquilo, uma pergunta ficou martelando em minha cabeça: onde está o masculino desse homem? Onde está o marido, o pai, o líder da família? Tudo o que vejo aqui é um filho, preso à dinâmica infantil de agradar a mãe a qualquer custo.


A relação mãe-filho que invade o casamento

Essa cena é mais comum do que imaginamos, e ela me faz perceber algo importante: muitos problemas que uma nora relata sobre a sogra poderiam ser evitados se o marido assumisse uma postura verdadeiramente adulta diante dos pais, especialmente da mãe.

Vivemos em uma época em que, para muitos homens, a ruptura emocional com a figura materna nunca aconteceu. Eles cresceram fisicamente, casaram-se, tiveram filhos, mas emocionalmente continuam presos em uma dinâmica de dependência e busca por aprovação. São homens que não amadureceram o suficiente para ocupar, de fato, o lugar que lhes cabe: o lugar de chefe da própria casa, de esposo, de pai e protetor.

Isso não significa, de forma alguma, desprezar ou desonrar a mãe. A honra aos pais é um mandamento sagrado e eterno. O problema é quando a relação ultrapassa os limites naturais, gerando conflitos e prejudicando a ordem familiar. Um homem adulto deve saber diferenciar a honra que presta à mãe da submissão emocional que paralisa sua maturidade e enfraquece seu casamento.


O papel da virilidade e maturidade masculina

A falta de uma postura firme e adulta por parte do marido cria um terreno fértil para as interferências externas. A esposa, que deveria se sentir protegida e segura ao lado do marido, passa a se sentir vulnerável e desamparada, muitas vezes assumindo um papel de disputa que nunca deveria ter existido. Afinal, quem pode se sentir tranquila em um casamento onde o marido ainda age como um menino em busca de aprovação materna?

Aqui entra o conceito de virilidade no sentido mais profundo e cristão da palavra: ser homem é, acima de tudo, saber ocupar o lugar que lhe foi dado. É proteger sua esposa e filhos não apenas contra perigos externos, mas também contra desordens que vêm de dentro. Um homem verdadeiramente maduro sabe colocar limites com respeito e firmeza, compreendendo que sua lealdade primeira é à família que ele formou.

Um casamento saudável exige que o marido saiba se posicionar. Ele não precisa bater de frente com a mãe ou alimentar confrontos, mas sim demonstrar, por palavras e atitudes, que a relação com a esposa é prioridade, e que a mãe, embora importante, ocupa um lugar diferente em sua vida.


Mulheres, prestem atenção!

Se você se encontra em uma situação parecida, onde os conflitos com sua sogra parecem intermináveis, reflita: será que o problema não está na postura do seu marido? Será que ele ainda não rompeu com essa dependência emocional? Muitas vezes, é mais fácil culpar a sogra — e, sim, há casos de mães abusivas e invasivas —, mas é importante enxergar além: o marido precisa assumir seu papel de adulto e trazer ordem ao lar.

Mulheres, não briguem com a sogra. Não entrem em disputas que não são suas. A solução começa com o diálogo sincero com seu marido. A relação de vocês é a base do casamento e da família. Quando o marido ocupa seu lugar com maturidade, tudo ao redor encontra seu equilíbrio natural.

Se isso parece difícil, procurem ajuda. Terapia, conselhos sólidos, e principalmente a disposição de ambos para amadurecer são essenciais para resolver essa dinâmica.


Porque no fim das contas, o problema não é a sogra. O problema é quando o homem não se torna verdadeiramente homem.

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