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Muitos se perguntam o que realmente compreende a constelação familiar. Em sua experiência ou no “ouvi dizer”, acabam por se confundir sobre a real composição desta postura terapêutica.

Alguns pensam que o método tem ligação religiosa ou com alguma crença. Também muitos chegam pensando que se trata de um método mágico, onde as dificuldades se ajustam e se resolvem sem ser necessário nenhum esforço ou atitude por parte do cliente.

Nada disso é correto!

Por esse motivo, escrevi aqui neste post as dúvidas mais comuns sobre a Constelação Familiar de Bert hellinger. O intuito aqui não é a exclusão, mas sim o esclarecimento de dúvidas que muitas vezes interrompe o movimento de pessoas que estão à procura de desenvolvimento pessoal.

 

Não é adivinhação

 

A Constelação Familiar de Bert Hellinger é um método terapêutico que se utiliza da teoria dos Campos Morfogenéticos de Rupert Sheldrake, um biólogo inglês.

Essa teoria, trazida originalmente nos anos 80,  diz que todos estamos expostos, desde o nível celular até o indivíduo em sua totalidade, a um campo de informações invisível que nos influencia.

Essas informações compõem os conhecimentos agregados de um sistema, pode ser familiar ou organizacional. O próprio sistema atua para garantir a perpetuação dessas informações para os que chegam depois.

Poderíamos fazer uma comparação. Seria algo parecido com o que acontece quando nós aprendemos algo (como escrever, dirigir, realizar tarefas que seguem um padrão) e depois aqueles procedimentos se tornam totalmente automáticos para nós – é nosso cérebro que armazena as informações e nós as buscamos toda vez que vamos executar a tarefa, sem que precisemos trazer para o consciente: nós apenas fazemos, realizamos aquilo que foi aprendido.

Em um workshop de Constelação, quando os representantes são colocados no campo através da questão trazida pelo cliente, essas informações guardadas no campo familiar do cliente são acessadas através de sensações corporais, que fazem os representantes se moverem.

Essas movimentações geram imagens que são reconhecidas pelo cliente, trazendo novos significados que o ajudam a caminhar em sua vida na direção de uma solução.

Dessa forma, o que é colocado no campo não parte de uma ideia ou sugestão do terapeuta, nem do cliente. A percepção do terapeuta é o que guia o cliente numa Constelação, mas o que surge não parte, de forma alguma, do profissional.

A informação que aparece é o que é acessado pelos representantes do campo familiar do cliente que trás o tema da Constelação.

 

 

Não é religioso nem ligado a alguma religião

A Constelação é um processo que faz parte da ciência fenomenológica, embasada em teorias científicas e pela filosofia percebida e aplicada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.

A confusão existe pois na constelação é falado sobre os antepassados e a influência que eles exercem sobre nós, mesmo depois de mortos. A constelação fala também de alma, que muitas vezes ligamos a um conceito de construção religiosa.

É interessante esclarecer o que a Constelação quer dizer por antepassados: São todas as pessoas que viveram e tiveram parte no nosso sistema familiar. Nossos pais são nossos antepassados, assim como nossos avós, bisavós e assim por diante.

Eles nos influenciam, mesmo depois da morte pois são a base da construção na qual vivemos: sua cultura e sua forma de pensar está dentro do nosso ser, de alguma forma sempre chega a nós.

Também é importante notar que isso não exclui as crenças que acreditam em outras vidas e nas influências que estes podem ter sobre nós. Mas esse conhecimento não faz parte do que é a Constelação e da forma como nós trabalhamos aqui em nosso Instituto.

Quando Bert fala da alma, ele traz a ideia do que é verdadeiramente nossa essência, o que nos compõe, aquilo que se manifesta em nós além do nosso corpo físico, as nossas emoções, o nosso sentir. Nesse sentido, nossa alma clama por pertencimento, clama por ordem e clama por equilíbrio.

Nossa essência quer ter seu lugar assegurado no sistema a qual faz parte. Novamente, não excluí-se as religiões que acreditam numa alma extra-corpórea, mas não é nesses termos que fala a constelação familiar.

 

Não é algo mágico ou sobrenatural

A Constelação não é mágica nem sobrenatural.  É algo que trabalha dentro da Fenomenologia, ou a ciência dos fenômenos e com informações bem concretas.

O cliente chega com algo concreto que gostaria de olhar, como um problema de relacionamento com o pai, ou dificuldade em prosseguir em sua vida profissional. Em poucas palavras, e de forma bem direta, ele coloca o assunto para qual gostaria de olhar.

Ao colocar os representantes no campo, o terapeuta e o cliente observam os movimentos que se originam do sistema familiar do cliente, chegando a uma nova imagem e informação da dinâmica que atua.

A própria observação da Constelação é uma atitude do cliente em direção à mudança. Muitas vezes os movimentos que aparecem numa constelação reverberam no sistema familiar do cliente. Isso acontece pois o cliente também é parte do sistema, e, quando ele muda, o sistema todo é afetado pela mudança.

Ainda assim, é a postura ativa de se perceber o que se viu e colocar em prática no dia-a-dia que traz os maiores resultados.

Por isso, não há mágica na Constelação. Os resultados são reservados para os cliente que assumem as responsabilidades por sua vida e trocam uma postura de passividade, vitimização ou terceirização da responsabilidade por uma postura proativa, com base no que foi observado em sua Constelação.

 

A constelação funciona?

Sim.

Podemos comprovar os efeitos das Constelações para dificuldades de fundo sistêmico, isto é, tudo que pode ter origem nas interações familiares ou interação entre pessoas de grupos ou organizacionais.

Bert costuma dizer que, onde há pessoas, as leis da Constelação estarão atuando, logo, podemos olhar para todas as relações humanas a partir  das Constelações e ganharemos percepções e compreensões totalmente novas.

A constelação traz ao cliente novas informações que fazem o processo de mudança mais fluído.

Isso acontece pois a constelação não se preocupa em ser uma construção racional do terapeuta-cliente. Ao contrário, numa constelação é instigado ao cliente ver e sentir a dinâmica que atua na sua dificuldade.

Através da experiência, a assimilação do que ocorre é mais rápida, e então, o movimento de mudança está melhor embasado, permitindo que as mudanças de atitudes ocorram.

 

E como funciona?

1- A constelação nos ajuda a ver além do aparente:

 Ao colocarmos um tema na constelação, através da representação dos participantes, podemos perceber as dinâmicas que atuam em nossos relacionamentos e no nosso sistema. Geralmente, essas dinâmicas se revelam diferente do que imaginamos. E embora diferente, reconhecemos o que é assim que entramos em contato com elas.

Dessa forma, ao enxergar o verdadeiro sentimento que move as pessoas do nosso sistema, podemos tomar as atitudes necessárias dentro do que nos compete para obter uma mudança que traga mais leveza para a nossa vida.

 

2- Apresenta um possibilidade que de outra forma não perceberíamos: 

As vezes o alívio do nosso sistema está numa inclusão de um membro que se encontra afastado, ou na honra do destino difícil que se tem em nossa família. A constelação revela, com precisão, onde dentro do nosso sistema está o que necessita de atenção para ser liberado e honrado.

No nosso dia-a-dia, e muitas vezes dispersos, visualizamos apenas a superfície do que age em nossa vida. A constelação nos ajuda a aprofundar nossa visão e ver as dinâmicas que atuam em nossa vida em sua totalidade.

 

3- Vemos o problema por outro olhar: 

Caímos na dinâmica do bem e do mal, algo simplista que não consegue abranger toda a complexidade das relações humanas. Numa constelação, percebemos o humano que está por trás das ações que nos machucam, e vemos que ele também sofre com o que pertence ao seu destino. Olhamos com amor, nos percebemos como iguais e a aceitação do que ocorre vem com mais facilidade.

Numa constelação nós vemos a realidade, e todas as fantasias que regem nossa percepção infantil são colocadas à prova. Isso é bom. Saímos de uma constelação mais maduros e mais humanos, e mais capazes de entender o que atua na nossa natureza humana.

 

4- Nos ajudar a detectar sentimentos não processados do nosso sistema: 

Ao levar um tema para a constelação e observar as dinâmicas que atuam, é possível chorar a falta de um pai, ou o lamentar das muitas mortes na nossa linhagem de décadas.

Ao tocar neste lugares, o sistema se alivia por liberar grandes cargas emocionais que não encontram escape de outra maneira. O cliente, ao observar tudo, reconhece e libera as mesmas emoções que se mostram no campo e que muitas vezes podem estar dentro dele (muitos casos de pacientes com tristezas sem explicação lógica ou racional demonstram sentimentos não processados no campo da familiar, que são adotados pelo cliente como se fossem dele). O alívio é visível e torna nosso corpo menos ativado e mais leve para nos acompanhar na vida.

 

5- Voltamos para o nosso lugar:  

A ordem é uma das leis da vida propostas por Bert Hellinger, o pai da Constelação Familiar. Muitas das nossas dificuldades ocorrem porque transgredimos esta lei.

Ao colocar um tema e com a ajuda dos representantes, podemos perceber nossa transgressão a essa lei de forma muito clara. A imagem que temos bem em nossa frente é também um mapa, que usamos para voltar a ocupar o nosso verdadeiro lugar de pertencimento. Neste lugar, estamos inserido no fluxo do nosso destino. E então, o que é nosso pode chegar e nos encontrar.

 

6- Perceber o que é nosso e o que não é: 

Trecho de um estudo de caso que realizamos sobre uma filha que buscava tomar a dor de seu pai.

Muitas vezes nossos sofrimentos são resultados de uma lealdade cega, que quer se incluir na dor de um familiar amado, para acompanhá-lo. De forma consciente não percebemos nosso movimento de repetição, e tentamos de várias maneiras resolver o problema, sem sucesso.

Quando identificamos a fonte, então estamos livres para deixar com os outros o que é deles e seguir o nosso caminho com o que nos pertence. Só dessa forma podemos assumir nosso destino e o que nos compete em nosso sistema familiar.

 

E qual é a minha parte?

Ao cliente cabe ver e sentir as informações, dessa forma integrá-las para que sejam a base da mudança de comportamento que trará os resultados em sua vida diária. A constelação fornece uma grande força para que possamos seguir no caminho da cura e da volta ao nosso lugar de pertencimento dentro da família, mas como dissemos neste texto, não é mágico. É necessário tomar a responsabilidade nas mãos e assumir uma postura de mudança.

O trabalho começa numa Constelação, mas só se implementa em sua vida com sua atitude.

 

 

 

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