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“A distância saudável de desafins não é a negação do diferente, mas o reconhecimento do que é mais fácil evoluirmos na energia do amor do que na dos conflitos constantes.” –  Gisela Vallin

Gosto muito da visão da Gisela sobre distância saudável, pois vem ao encontro de um tema que tenho estudado e vivenciado na pele todos os dias: a filosofia sistêmica. Nada mais é que a experiência e base fundamental para as Constelações Familiares de Bert Hellinger, norteadas por 3 leis: Ordem, Pertencimento e Equilíbrio.

Um dos pontos cruciais para que o indivíduo tenha êxito em sua vida é o reconhecimento dessas leis e a aplicação delas em seu cotidiano. Mas, para a maioria esmagadora das pessoas, estar alinhado a essas leis é “sacrificar” alguns comportamentos que por anos foram usados para sobrevivência.

Explico com um breve exemplo:

Certa vez, facilitei uma sessão de Constelação, cujo tema foi a “dificuldade de relacionamento com a mãe”. Busquei entender com a cliente onde na vida prática essa dificuldade estava doendo mais. Foi quando ela trouxe uma rápida história: “Não conheço meu pai, minha mãe tentou me abortar 3 vezes, fui criada por uma tia e hoje minha mãe mora comigo pois está muito doente e tem somente a mim para cuidar. Tenho dificuldade de me relacionar, especialmente pelo pouco contato afetivo que tive com ela.”

Neste momento, você pode estar pensando (e, ser humano, jugando): “Claro, com uma mãe dessas, até eu!”

Ao facilitar uma Constelação Familiar, um de meus papéis é estar isenta de qualquer julgamento, seja da mãe/pai, seja do cliente e sua história. Aqui estou a serviço para trazer a filosofia para perto e contribuir para que as pessoas tenham facilidade ao aplicar em sua vida.

Os desdobramentos dessa Constelação foram ricos, pois a cliente teve a oportunidade de enxergar um ponto que ela talvez não enxergasse sozinha: “minha mãe é humana”.

Depois disso, ela pôde entender outras situações que foram de grande cura em sua vida: muito embora a mãe houvesse tentado abortá-la por 3 vezes, o fato não foi consumado e a vida lhe foi dada. Durante o período em que foi gerada, no ventre materno, sua vida foi nutrida e protegida, e ao nascer, teve a oportunidade de ser criada por uma tia que a acolheu com as condições que podia.

Meu objetivo aqui é que você possa entender uma coisa: quer você julgue as ações dela, quer não julgue, a vida foi dada e para que tenha êxito nela é necessário reconhecer o como. As coisas foram como foram, quer você aceite ou não. O grande aprendizado aqui é: lidar com os fatos.

O primeiro passo dela para que tenha êxito na vida foi reconhecer o fato de que a mãe não a quis, mas mesmo não querendo permitiu que viesse ao mundo. Foi também reconhecer que, embora não conheça o pai, um homem e uma mulher “se amaram” para que ela pudesse estar aqui.

Portanto, para que qualquer um tenha êxito em sua vida, é necessário abandonar de vez as amarras da raiva, rancor e mágoas, e seguir para aquilo que está em suas mãos: a VIDA!

MAS…

Como seguir para a vida, deixar de lado os sentimentos sobre acontecimentos do passado, essa rejeição?

Tomando posse das leis cruciais para a vida: Ordem, Pertencimento e Equilibrio.

Ordem: qual é o seu lugar no sistema? Quando alimentamos sentimentos como a raiva, acreditamos, de forma inconsciente, ser maiores e melhores que o outro. Neste caso, ser maior e melhor que a mãe é estar fora de seu lugar no sistema. Quando estamos fora de nosso lugar, não vivemos a nossa verdade e não temos êxito em nossa vida.

Pertencimento: colocar em seu coração partes que são fundamentais de sua estrutura enquanto humano – papai e mamãe. Quando se exclui alguém, principalmente os pais, você automaticamente se exclui, gerando em sua vida baixa autoestima, não aceitação de si, da vida e dos fatos e não tem êxito em sua vida.

Equilíbrio: através da vida que lhe foi dada, servir ao mundo. Quer você aceite ou não, você já “tomou” a vida. No dia de seu nascimento foi entregue a você a “permissão” para viver nesse plano. É fato comprovado que um bebê humano não sobreviveria se não tivesse o mínimo de cuidados necessários para isso, mas se você está lendo esse texto, você sobreviveu, com isso, tem vida. Para ter êxito nela é necessário: VIVÊ-LA!

Com tudo isso, onde a história dos afins e da distância saudável se encaixam?

Antes de mais nada, entenda que em nenhum momento é pedido que você “force” qualquer tipo de afinidade com seus pais ou seu sistema familiar. Compreendendo e integrando os fatos e suas leis, você terá a oportunidade de desenvolver maturidade emocional para encarar suas relações com respeito a quem veio primeiro, incluindo no coração sua história tal como é, equilibrando o que tomou servindo ao mundo. Você entende que brigar com tudo isso só te desgasta emocionalmente, e que, principalmente, você NÃO precisa de forma alguma ter afinidade, mas apenas seguir as leis acima. Em português claro: se não há afinidade, não é necessário fazer churrasco todo domingo ou preparar uma surpresa fantástica de dia das mães/pais.

Se a afinidade não existe, por qualquer motivo que seja: meus pais são narcisistas, meus pais não aceitam minha profissão, minha homossexualidade, meu parceiro, meu partido político, e por aí vai, APENAS siga as leis em seu coração e na vida PONTO. Entenda que a forma do outro pensar pertence ao outro!

Se você não mora com eles, esteja presente quando sentir vontade/saudade. Esteja até onde for possível, no tempo e espaço que condiz com suas necessidades.

Se mora com eles:

  • Será que já não está na hora de sair de casa, para seu crescimento e para o bem da relação?
  • Se não for possível sair, o que VOCÊ pode fazer para diminuir os conflitos? Silenciar, falar somente o necessário, evitar discussões com assuntos polêmicos e principalmente: parar de tentar mudar o outro?!

 

A vida pode ser muito melhor quando aplicamos a ela as leis do amor, dentro de cada lei você pode encontrar uma forma sadia e madura de viver. Compreenda também que é um processo, todo dia um pouco, um pouco todo dia. Assim você constrói uma relação de amor com você mesmo, com seu sistema e com a vida.

Depois, conta para mim como foi sua experiência. Cada história é única, talvez você tenha descoberto uma forma de alinhar as leis em sua vida, que pode contribuir com muitas outras pessoas.

Eu fico por aqui e deixo com você meu mais sincero e caloroso abraço.

Com amor,

Queli.

 

 

 

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